Terceira Semana de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do Campus Campo Largo – Campus Campo Largo

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Terceira Semana de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do Campus Campo Largo

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Na período de 16 e 19 de novembro de 2021 aconteceu, de forma virtual, no Campus Campo Largo a terceira edição da “Semana de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas”, que teve como tema “Tempos de aprender: por uma educação antirracista”. As palestras abordaram a educação escolar indígena, a cultura afro-brasileira, as políticas afirmativas e as metodologias para a Educação das Relações Étnico- Raciais.

As atividades foram organizadas pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), que obteve financiamento do Programa de Institucional de Apoio à Extensão (PIAE – IFPR). O evento contou com 320 inscritos, de diferentes estados: Santa Catarina, Piauí, Rio Grande do Sul, Pará, Mato Grosso, São Paulo e Paraná.

A abertura foi realizada pela Profª. Dra. Sônia Guimarães (ITA), que destacou o racismo como construção histórica e social do Estado e das elites para excluir a população negra do desenvolvimento econômico e social. A Professora Sônia Guimarães foi a primeira negra a conquistar o Doutorado em Física e a primeira professora negra do Instituto Tecnológico da Aeronáutica. A partir de sua experiência, mostrou a necessidade de informar-se sobre tecnologias com impacto na atualidade e, a partir de uma visão crítica e de uma ação empreendedora, desenvolver ideias, equipamentos ou técnicas que transformem a vida coletiva. Também destacou a necessária alteração da configuração de docentes e discentes das instituições de ensino para que mais negros e mulheres ocupem cargos de direção e docência. A segunda palestra do dia foi apresentada pelo Prof. Dr. Bruno Ferreiro Kaingang, primeiro indígena a obter o Doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O Prof. Bruno descreveu suas experiências como docente de escolas indígenas e defendeu a educação escolar indígena como um processo que respeita a cultura de cada povo considerando currículos construídos de acordo com os calendários, as línguas, a oralidade e a importância social dos idosos como sábios da comunidade.

No segundo dia do evento, o Contramestre Dino abordou a história e a importância cultural da capoeira. O convidado explicou a origem da capoeira como luta no período colonial para defesa dos negros perante a violência de senhores e capatazes. Também destacou que a capoeira somente foi legalmente permitida durante a Era Vargas. Também mostrou os instrumentos, os principais movimentos, renomados mestres capoeiristas e as relações de disciplina e de pertencimento a uma história que marcam a formação do indivíduo que aprende capoeira. Na sequência, o escritor Olívio Jekupé, um dos precursores da literatura nativa no Brasil. O autor prefere utilizar o termo “nativa” ao invés de “indígena” para destacar que a literatura dos povos originários reflete as histórias ouvidas e a cultura de cada povo, enquanto a literatura indígena é uma construção de histórias por brancos que divulgam uma imagem mítica do indígena. Jekupé falou da importância da escrita em sua família e incentivou a leitura de autores indígenas e a valorização da oralidade nos espaços de educação escolar. Olívio Jekupé terminou sua apresentação com um vídeo de seu filho, Kunumi MC, rapper que compõe em Guarani e divulga a cultura de seu povo em clipes, filmes e festivais musicais. Recentemente, gravou um especial musical com o DJ Alok.

O terceiro dia do evento contou com a participação de Alexandre Cezar Filho que abordou a história da música. Além de tocar guitarra e mostrar uma de suas composições, explicou como os ritmos de diferentes culturas estão conectados. Segundo o professor, apresentar a diversidade de ritmos de forma contextualizada na história e na cultura é a alternativa para educar contra os preconceitos. Na continuidade, às professoras Lucimar Dias, Sara Pereira e Clarice Batista descreveram experiências relacionadas à Educação para as Relações Étnico-Raciais, por meio de oficinas desenvolvidas pelo grupo Ereyá, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O grupo trabalha com professores e estudantes de diferentes locais da região metropolitana de Curitiba e realiza oficinas de literatura africana, bonecas negras e brincadeiras africanas e afro-brasileiras.

O evento terminou com a palestra da Profª Evelyne Carlota Santos, que descreveu os preconceitos que vivenciou como estudante, professora e diretora de escolas de São Paulo. A partir de suas experiências, destacou como negros e negras precisam reafirmar seus potenciais diariamente e não se curvar aos atos racistas cotidianos e recorrentes. Embora o racismo seja marcado pela dor, a educadora destacou que o afeto e novas formas de interagir com o estudante são essenciais para criar uma educação antirracista.

Durante o evento, foi realizada a segunda edição do concurso de textos poéticos, “Slam da Diversidade”. Neste ano, o tema para escrita era “ A escola que eu quero” e a estudante Maria Luiza Jaszczerski, do 3º ano do Curso Técnico em Eletromecânica integrado ao Ensino Médio, venceu o concurso cultural com o texto “ A escola que ensine a voar”.

As palestras estão disponíveis no canal do YouTube do Neabi Campus Campo Largo, assim como os vídeos dos poemas. Confira!

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